sábado, 26 de maio de 2012

Grandes "aspirações"

- Mas então conta lá, como correu a entrevista?
- Bem, sobretudo quando ele me disse-me que a empresa tinha grandes "aspirações"...
- Ah, então estavam a falar com a pessoa certa...
- Pois, eu disse logo que faço grandes "aspirações" de dia, de noite, antes, depois e durante as refeições...
- Então ficaste com o lugar por causa da Depuralina?

- Não és assim tão inocente, pois não?


terça-feira, 22 de maio de 2012

Bicicletas e mulheres - 20 razões


20 razões porque uma bicicleta é melhor que uma mulher:

1 - Não tens que levar uma bicicleta a jantar, falar sobre ti, o teu trabalho os teus hobbies e os teus amigos, os teus vícios,  os teus sonhos e prometer que casas para que te deixe "dar uma volta".
2 - Se montares numa bicicleta e atirares pelas escada abaixo é Downtown, numa mulher é violência doméstica.
3 - É mais barato fazer um "upgrade" numa bicicleta e normalmente o retorno em prazer é exactamente aquilo que estavas à espera.
4 - Uma bicicleta não tem mãe.
5 - Uma bicicleta não se recusa a fazer uma ou outra manobra porque dói. Simplesmente faz.
6 - Tu podes escolher o tamanho dos pneus da bicicleta.
7 - Uma bicicleta não fica furiosa se a trocares por uma mais nova e leve.
8 - Podes experimentar sem problemas as bicicletas dos teus amigos.
9 - Uma bicicleta não acha que és um porco por comprares revistas de bicicletas.
10 - Não esperes que uma mulher aguente 60km contigo ás costas sem reclamar.
11 - Uma bicicleta não discute durante horas se chegas a casa tarde. Nem bêbado. Nem se a quiseres usar... Ou à bicicleta que encontraste no bar e trouxeste para casa...
12 - Não tens que ser bonito para ter a bicicleta dos teus sonhos, tens que ser rico. Alto lá... Agora que penso nisso esta não serve).
12.1 - Podes andar na bicicleta em qualquer altura do mês e durante o tempo que quiseres sem que esta fique insatisfeita.
13 - As bicicletas não têm amigas que passam a vida a dizer-lhe que não prestas e que estás apenas a servir-te dela.
14 - Uma bicicleta não se importa se és um bom ou mau "Rider".
15 - Depois de usares a bicicleta não tens que a abraçar e dizer que a amas.
16 - Não corres o risco de chegar a casa e apanhar um indivíduo em cima da tua bicicleta, a não ser que estejas a ser assaltado, claro.
17 - Se compras uma bicicleta com 12kg, sabes que passados 2 anos continuará a pesar 12kg.
18 - Uma bicicleta com 50 anos vale muito dinheiro.
19 - Desmontar uma bicicleta e vender ás peças faz de ti um negociador. Desmontar uma mulher e vender ás peças faz de ti um traficante de orgãos.
20 - Tens 15 dias para devolver a bicicleta.

20 razões porque uma mulher é melhor que uma bicicleta:

1 - Uma bicicleta não tem mamas.
...

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Mimi


Esta é a triste história de Mimi.

Mimi era uma Tia do mais Tia que se possa imaginar.
Nunca trabalhou, nunca armou peixeirada em público, segurava a chávena de chá com dois dedos e em hipótese alguma dirigiria a palavra a uma "subalterna". Ficara conhecida no metier por uma série de obras de caridade que nunca fizera e por uma imensa fortuna a que nunca vira a cor.
Mimi era aquela cujo sangue não corria nas veias, deslizava com delicadeza.
Ao pé de Mimi, Cinha Jardim era uma menina.
Lili Caneças? Uma amadora.
Paula Bobone? Que mulher tão brega...
Mimi era tão Tia que nem os próprios filhos tinham permissão para a chamar de mãe. Se quisessem, chamavam-na de Tia ou então simplesmente não chamavam!

Poderá mesmo dizer-se sem incorrer em exageros que Mimi era A Tia. A única, a verdadeira, a matriarca de todas as Tias. Aquela de quem se ouviam contos e lendas mas todos pensavam não passar de um mito. Mimi estava para as Tias como o Conde Drácula está para os vampiros.

A senhora era tão convicta da sua classe que acabou por levar a União Portuguesa de restaurantes Italianos a unir-se para lhe mover um processo em tribunal que resultou numa providência cautelar que a proíbe de se aproximar das suas portas a menos de duzentos metros.
Não é que Sua Chiqueza sempre que ia comer lasanha dava com os cozinheiros em doidos?
Há que de rei (expressão nortenha para "teimosa do car@lho") que não queria molho bechamel. Cismava que a sua lasanha tinha que ser feita com molho beChannel...

terça-feira, 8 de maio de 2012

"Sem cartões, promoções ou outras complicações..."


Tomás acordou e dirigiu-se à proa do barco. Olhando para o mar de onde tirava sob uma pesada pena de solidão e saudade, o sustento para a sua família e a família dos seus colegas, pensava no que faria da vida agora que nem o mar conseguia fazer frente às exigências que lhe eram impostas no mercado de venda.
Pensava se tinha sido uma boa aposta o salto que havia dado da venda de pequeno retalho para as grandes superficies comerciais. Sabia que não. Por mais que se tentasse convencer que tinha sido a decisão mais acertada sabia que tinha condenado a sua embarcação à ruína, à fome e à miséria que na pele de cada um dos seus tripulantes se havia alastrado como uma pesta a cada uma das suas casas, a cada uma das suas famílias.
O seu coração estava destroçado. Sentia um nó na garganta e uma vontade imensa de chorar. Sentia o seu corpo revoltar-se contra si num enfraquecer desenfreado que lhe entorpecia os membros e toldava a visão. A cada segundo sentia a sua força e determinação abandonarem o seu corpo e a sua mente. A mesma força e determinação que à trinta anos o haviam impelido a rasgar o mar como que um rei saindo à conquista.
Agora sentia-se à mercê da vida, que madrasta lhe pregava esta rasteira da qual sabia que não tinha como se levantar. Era o fim anunciado.

Deu um passo em frente. Olhou para o oceano que lá em baixo o chamava. Tirou da bolso de trás um papel velho e amarrotado, uma fotografia das crianças tirada há dois anos por alturas do Natal. As lágrimas caíram sobre a imagem como pingos de chuva.
Na lembrança levaria aquelas palavras que o haviam atraiçoado e condenado para sempre: "Sem cartões, promoções ou outras complicações..." Como podia ter sido tão ingénuo?
Fechou os olhos, encostou o velho papel ao peito e saltou. Gastando uma última réstia de humor ou por uma vontade de não partir como um covarde gritou "Jerónimoooo!!!"

No preciso momento em que se viu engolido pelas água, acordou.
Olhou para o lado e lá estava, na sua mesa de cabeceira, a proposta de fornecimento que havia recebido de um grande grupo económico nacional dias antes de sair para o mar e que adormecera a ler. Pegou no papel, levantou-se e dirigiu-se à proa do barco.
Rasgou o documento em mil pedaços e sorrindo lançou-os como cinzas ao mar!

É capaz de ter a ver...

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Interrupção na emissão


Interrompemos a vergonhosa emissão de postagens deste sítio com um prazer quase sexual, para vos dar uma boa e ao mesmo tempo má notícia.
Todos os que seguem este blog sabem que tipo de secreções culturais escorrem pelo vosso monitor aquando das vossas visitas (que desde já muito agradeço) a este blog. Imaginem agora que o autor desta vergonha se aparceirava blogosféricamente a um outro de igual ou pior condição linguística e filosófica e a uma mulher emancipada e sem papas na língua? Pois bem. Apesar de todos os esforços das autoridades sanitárias nacionais e internacionais, a desgraça aconteceu e deu lugar a esta coisa que por ora não consigo classificar nem sei como lhe chame.
Olhem, chamemos pelo nome - Are U talkin´, Tomé?

O resultado de meses de conversas inimaginávelmente cretinas encontrou agora um local apropriado e seguro, trancado por um endereço impossível de memorizar algures no espaço cibernético.
A boa notícia é que só lá vão se quiserem.
A má notícia é que enquanto liam este texto, mensagens subliminarem foram enviadas ao vosso cérebro levando-vos sentir uma vontade ordinária, descontrolada e em alguns casos orgásmica de se tornarem fãs do espaço e de depositar o vosso subsídio de férias na minha conta...

Vêmo-nos lá!

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Amor à primeira vista


Não se conheciam há muito tempo, apenas uns dias mas fora o tempo suficiente para perceberem que haviam nascido para se encontrar. O tempo suficiente para perceberem que eram duas metades de um todo perfeito. Duas faces da mesma moeda, dois corações que batendo como um só criavam uma maravilhosa balada de amor, uma ode à paixão.
Quando estavam juntos todo o mundo parava. Eram cumplices. Falavam sem falar, conheciam-se como a si mesmos e sorriam, sorriam só por se amar.

Naquele fim de tarde ficaram ali, inertes apreciando o pôr-do-sol. Abraçaram-se, sentiram o calor um do outro, trocaram olhares e beijaram-se.
Proferiram palavras de ternura e fizeram juras de amor eterno. Juraram que ficariam juntos para sempre e nada nem ninguém seria forte o suficiente para os separar.

O sol pôs-se e a noite caiu.
Viraram as costa um ao outro e seguiram as suas vidas.
Nunca mais se voltaram a encontrar...

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Estado civil


Já não a conseguia ouvir. Era sua mãe, sabia-o, mas ainda assim ela conseguia tornar cada regresso a casa num verdadeiro calvário.  Todos os dias, lá vinha com a mesma ladaínha que se repetia noite após noite. Sempre as mesmas frases, sempre as mesmas perguntas, sempre as mesmas acusações.

"Não tens vergonha de chegar a casa nesse "estado?"
" Não apareces em casa durante horas, ninguém sabe de ti e depois apareces assim... Nesse "estado"!"
" Tu não saíste de casa nesse "estado"! E agora? E agora como tencionas resolver isto?"

Não tinha vício de alcool, tabaco ou drogas. Tinha esse único vício que o deixava fora do seu "estado" normal. Sempre que conhecia uma mulher perdia por completo a noção da realidade.
Nesse dia nem discutiu. Depois de passar a euforia que o envolvia sempre que cedia à dependência, sentou-se numa cadeira da cozinha enquanto pensativo ia bebendo o chá que a mãe lhe preparara para o ajudar a acalmar. Ela tinha razão, desta vez havia ido longe demais.
Já tinha chegado a casa noivo, divorciado e até viúvo, nada de grave.

Nessa noite saíra de casa solteiro e voltara casado... Porra!