quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Procurando Gambuzino



No sábado de manhã como de costume fui ao mercado fazer umas compras, gosto do contacto com as pessoas, o cheiro das flores misturado com o cheiro dos fumados, os queijos e o suor dos vendedores. E foi aí, no mercado que o avistei ao longe. Nunca mais consegui tirar os olhos de si. Dos seus olhos. Do seu olhar. E senti que o seu olhar, assim como o meu viu mais além do mundano. Viu dentro de mim e sorriu. Só para mim. Todas as pessoas, todas as barracas, todas as verduras e carnes frescas desapareceram por instantes. Só existia eu e o meu Gambuzino.
Não contive o meu sub-consciente e sorri. Desviei o olhar e comecei a correr por entre o povo. O Gambuzino seguiu-me. Senti-me tão bem. Tão fresca como uma alface. Tão rija como uma cenoura. Tão forte  como uma beterraba. Cansei-me rápido e aí senti-me tão gorda como um melão.

Alcançou-me e beijou-me tirando-me o fôlego. O pouco fôlego que me restava confiscou-o para si. Que bem beijava o Gambuzino. Perguntei-lhe o seu nome. Negou-me o pedido, em vez disso disse-me: - "Se me amas verdadeiramente encontrar-me-ás pela cidade. Por ora serei apenas o "Gambuzino" e tu a caçadora. "

Tenho apenas até dia 14 para o encontrar, data em que imigrará para trabalhar na construção em África. O país não lhe permite que fique mais tempo. Ninguém aguenta tanto imposto, nem mesmo um Gambuzino bonito e charmoso.


Sinto-me confiante, sinto que serei bem sucedida. Sinto que algum poder maior me ajudará nesta jornada do amor e me presenteará com um último sorriso, um último beijo, um último pôr-do-sol nos braços do meu Gambuzino.

  Ass: Caçadora de gambuzinos.

Actualizado ao segundo em : Á PROCURA DO GAMBUZINO by Fátima Barros.

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