quinta-feira, 18 de outubro de 2012

De Gasparzinho com amor...

Gasparzinho, como lhe chamavam os pais era um previligiado. Talvez até demais.
Desde pequeno que os seus pais criaram todas as condições necessárias para que nunca lhe faltasse rigorosamente nada. Deram-lhe uma infância feliz, com muito carinho, amor e compreensão. Trabalhavam de sol a sol para garantir que o seu menino tivesse tudo que eles nunca tiveram, desde os brinquedos aos telemóveis passando pelas roupas de marca. Garantiram-lhe uma educação nas melhores escolas, fizeram empréstimos para que se formasse e um dia pudesse vir a ser alguém. Aos dezoito anos abdicaram de umas poupanças que tinham feito para "uma dôr de barriga" e ofereceram-lhe o seu primeiro carro. Como estava feliz o seu menino...
Mais tarde, quando Gasparzinho conheceu a mulher com quem viria a casar, ofereceram-lhe um apartamento na baixa da cidade que a custo tinham comprado com o dinheiro proveniente dos vários empregos que ambos tinham.
Casou. A bôda, os pais fizeram questão de lha oferecer. Tudo pelo seu menino.
Os anos foram passando e os seus pais envelhecendo. Cada dia estavam mais doentes e necessitados de cuidados. A casa onde viviam necessitava de obras urgentes dado o avançado estado de degradação que vinha acomulando ao longo dos anos pela inexistente manutenção. O pai começava a apresentar sinais de demência e a mãe já não tinha forças para cuidar dele sozinha.
Era altura de Gasparzinho fazer alguma coisa. Os papéis haviam-se invertido e Gasparzinho fez que tinha que fazer. Abandonou-os, mas não sem antes lhes roubar a casa em que viviam, o carro que ainda apesar de velho ia dando para os pequenos recados do dia-a-dia, o recheio a casa e o PPR que haviam feito para assegurar a velhice.

Afinal de contas eram os seus pais que tanto fizeram por si, que pagaram a sua formação que tão cara foi.  Chegara a altura de retribuir tudo o que tinham feito por si e esta era a única forma de o fazer!






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