segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Pupilas


Aquela profissão ia ser a sua desgraça.
Já não aguentava mais viver e conviver diáriamente com as suas pupilas, aguentou durante todos estes anos mas agora estava a tornar-se insustentàvel. Era demasiado forte, demasiado perturbador, demasiado dominador. Cada dia se sentia mais fraco, menos resistente e mais próximo da loucura.
Elas por sua vez percebiam o efeito que exerciam sobre o pobre coitado e continuavam a provocá-lo sempre que surgia uma oportunidade.
Certo dia estava à porta do seu gabinete acompanhado pelo seu superior hierárquico que fazia uma visita ao estabelecimento de ensino quando elas passaram. O nervosismo apoderou-se de si de imediato, levando-o a gesticular descontroladamente e a dizer coisas sem nexo. O seu rosto começou a adquirir uma tonalidade avermelhada e ainda que escondidas pelos óculos, as suas pupilas começaram a dilatar, denunciando-o.

As suas pupilas... Fora traído pelas suas pupilas... Que irónico. As pupilas do Senhor Reitor!

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